Argentina avança para abastecer Brasil com gás natural via Bolívia

Em uma reviravolta energética que pode remodelar o cenário de abastecimento de gás natural
na América do Sul, Argentina e Brasil estão em negociações para reverter o fluxo de uma
crucial rede de gasodutos bolivianos. Este movimento estratégico visa aproveitar as vastas
reservas de gás de xisto da Argentina, particularmente da prolífica formação de Vaca Muerta,
para atender à crescente demanda brasileira, enquanto a produção da Bolívia, historicamente
um fornecedor chave, diminui rapidamente.
A colaboração entre as gigantes energéticas dos dois países, incluindo a Petrobras do Brasil e
a YPF da Argentina, junto com a participação da Petronas da Malásia e da Tecpetrol, sinaliza
um esforço concertado para superar os desafios logísticos e diplomáticos. A iniciativa busca
não apenas aliviar a pressão sobre o fornecimento de gás natural na região, mas também
promover uma integração energética mais profunda entre os países sul-americanos.
Siem Offshore do Brasil garante contratos de longo prazo com a TotalEnergies (https://arevista.com.br/siemoffshore-do-brasil-garante-contratos-de-longo-prazo-com-a-totalenergies/)
Contudo, o caminho para a concretização dessa ambiciosa proposta está repleto de
obstáculos. Uma oferta inicial para alterar o fluxo dos gasodutos encontrou resistência da
Bolívia, que propôs, em vez disso,exportação de gás (https://arevista.com.br/analise-demercado/) argentino e revendê-lo ao Brasil, uma ideia rejeitada por causar um aumento
significativo nos custos para o Brasil. Além disso, o novo governo argentino, liderado pelo
presidente Javier Milei, enfrenta o desafio de concluir projetos de infraestrutura essenciais e
negociar um quadro comercial viável para a exportação de gás

O cenário é complicado pela necessidade de negociar tarifas de passagem com a Bolívia e
pela urgência de resolver gargalos internos na Argentina que impedem o transporte eficaz do
gás até a fronteira. A Bolívia, por sua vez, está sob pressão para reconsiderar sua posição e
facilitar o trânsito do gás argentino, uma medida que poderia beneficiar todos os envolvidos
ao proporcionar uma alternativa mais acessível ao gás natural liquefeito (GNL), cujos preços
alcançaram máximas históricas em 2022 devido à instabilidade geopolítica.
A situação é ainda mais premente considerando a previsão de que a Bolívia poderá não ter
gás suficiente para exportar após 2029, devido ao declínio acelerado da produção e ao
aumento da demanda interna. Este cenário coloca uma pressão adicional sobre a Argentina e
o Brasil para encontrarem soluções sustentáveis e de longo prazo para suas necessidades
energéticas.
Se os desafios forem superados e um acordo for alcançado, a Argentina poderia começar a
exportar gás para o Brasil já no próximo ano, aproveitando os períodos de baixa demanda
interna. Tal desenvolvimento não apenas fortaleceria os laços energéticos regionais, mas
também marcaria um importante passo em direção à segurança energética e à diversificação
das fontes de abastecimento na América do Sul.

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