Nesta terça (5), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que um acordo resultante de negociações com três partes será assinado na próxima semana e vai permitir a importação, pelo Brasil, de gás natural argentino.
O acordo vem após uma longa negociação que envolvia os governos brasileiro, argentino (provedor do recurso) e boliviano, essencial para estabelecer uma rota viável para o transporte do gás.
Em abril deste ano, companhias energéticas brasileiras e argentinas deram início aos diálogos sobre a operação de uma rede de gasodutos que deverá passar da Argentina ao Brasil através do território da Bolívia.
A iniciativa buscava resolver o problema de escassez brasileira de gás natural liquefeito (o GNL) e a dependência dos mercados internacionais instáveis, mas não teve, a princípio, forte aderência do governo boliviano.
À época, uma solução foi levantada para resolver o dilema do gás: a migração das exportações do gás argentino para a região de Vaca Muerta, na Patagônia argentina, que se estende pelas províncias de Mendonza e Río Negro.
É uma das maiores reservas de gás e petróleo não convencional do mundo.
A opção se baseava em reverter uma rede de gasodutos bolivianos em sentido Bolívia – Argentina, que era usada, antes, para transportar gás da Bolívia.
O que seria necessário, portanto, era que o governo argentino concluísse a inversão de sentido dessa estrutura e criasse as condições comerciais necessárias para negociar tarifas sobre o gás comercializado.
Uma proposta inicial para esse advento, que determinava um pedágio a ser pago por Brasil e Argentina para a passagem pelo território boliviano, fora, no entanto, rejeitada pela Bolívia e sua estatal de gás natural.
Mas, de acordo com Alexandre Silveira, em entrevista dada à CNN, a formalização do novo acordo entre os governos brasileiro, argentino e boliviano deve ocorrer já na semana que vem, ainda no contexto dos encontros do G20, e deve levar a um marco no mercado energético de gás, estabelecendo uma vantagem competitiva para o Brasil e, para o consumidor final, uma redução de 10% a 15% no preço do gás.
O gasoduto, viabilizado pela parceria tríplice, foi denominado Gasbol, e integra os territórios brasileiro e boliviano ao longo de 3,5 mil quilômetros de estrutura.
Agora, a Argentina, que é o segundo maior destinatário do gás boliviano, deve suspender suas importações de gás e expandir sua própria rede a partir de Vaca Muerta para alcançar as províncias ao norte do país.